1.*
Já é mais de uma hora você já deve estar na cama
Na noite corre a via láctea como um rio de prata
Não me apresso com telegramas urgentes
Não mais tenho por que te acordar te atormentar
Como se diz o incidente está encerrado
A canoa do amor se quebrou na vida cotidiana
Eu estou quites com a vida não há por que recordar
As dores as desgraças os erros recíprocos
Veja que silêncio existe sobre o universo
A noite cobriu o céu de tantas estrelas
Em horas como essa a gente se ergue a gente fala
Aos séculos à história ao universo...
(*versos dos fragmentos do bilhete de despedida do poeta em 14 de abril de 1930)
trechos de A Plenos Pulmões
Eu mesmo falarei
sobre o meu tempo
e sobre mim.
Eu falarei a vocês
como um vivo fala aos vivos
Eu também
da propaganda
já estou farto
e seria bom para mim
alinhavar
romances para vocês.
Seria mais rendoso
e mais agradável.
Mas eu mesmo
me contive
colocando o pé
na garganta
de minha própria canção.
2.
Na estatura
só você me ombreia,
fica pois,
sobrancelha a sobrancelha,
ao meu lado.
Deixa
que eu faça alarde
como homem
da grandeza da tarde.
3.
Para nós,
a rima
é um barril.
Barril de dinamite.
O verso, um estopim.
A linha se incendeia
e quando chega ao fim
explode
e a cidade em estrofe voa em mil.
4.
Nos outros eu sei onde se abriga o coração.
É no peito - todos sabem disso.
Comigo
a anatomia ficou louca.
Eu sou todo coração -
ele bate em todo o corpo.
Outros papos
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