Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quarta-feira, 23 de março de 2016

não a mim

Criança síria que pensou ser a máquina fotográfica uma arma (março de 2016)!!!

                                              José Carlos Peliano

not me

don’t say no, not to me
but to what you mirror on me

don’t pick me up, not me
but the sky that shines in me

don’t kiss me, not me
but the flower that blossoms in me

don’t leave me, not me
but what you expect from me

don’t mourn for me, not me
but what you lose in me


não a mim

não me negues, não a mim
mas o que espelhas em mim

não me pegues, não a mim
mas o céu que brilha em mim

não me beijes, não a mim
mas a flor que brota em mim

não me deixes, não a mim
mas o que esperas de mim

não me veles, não a mim
mas o que perdes de mim




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