Sobremesa da eternidade
poetas são abutres
dos próprios desejos
mastigam com binóculos
os próprios medos
Papiro
No impenetrável palimpsesto
dorme o verso que procuro.
No revés do que vejo
a ideia que salta através do muro
oferece aos olhos um caleidoscópio.
No dédalo das entrelinhas
o sentido que ilumina o escuro.
Código desta grafia secreta
que perambula pela poesia bêbada
adormecida na inaptidão do poeta.
Latitude
nos subúrbios de si
descobrir aos poucos
a matemática do medo
a tradição das coisas se quebra
diante das perguntas do presente
move-se cuidadosamente
por entre atitude dos atos
Radiografia
na arritmia das horas
articular espaço-temo
articular o desejo
eis a minha fratura exposta
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