Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

domingo, 8 de março de 2020





Poeminha para Dorival Caymmi


a onda vem
o mar também
a onda sai
o mar se vai

se Caymmi estivesse aqui
as ondas parariam ali
para ele andar, para dar pé
deitar, banhar e rolar até
cantariam em alta voz
as canções que ele fez por nós

2 comentários:

  1. Verso belo você fez à Dorival..” o mar vai e a onda sai” Seu olhar José Carlos Peliano é sensível e as palavras trazem sentido e coesão.
    Considero Dorival um músico e letrista intuitive. Fazia letras simples que diziam muito. Ritmo inctivel e imagens maravilhosas. Adoro as melodias. Tem uma, a da Maricotinha, só tem uma estrofe e é tudo de bom!!!

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