Ou
você pode me pisar
que nem confete
você pode me
morder
que nem chiclete
você pode me chupar
que nem sorvete
você
pode me lanhar
que nem gilete
só não pode proibir
que nem piquete
se eu quiser escapulir
que nem pivete
Luz
Le jour n’est pas plus pur que le fond de mon coeur
Racine
ao ver
o não
que sai
da dor
o som
da
voz
já vai
no sim
no tom
do céu
não vi
mais luz
do que
no sol
que há
em mim
À noite
todas as palavras são pretas
todos os gatos são
tardos
todos os sonhos são póstumos
todos os barcos são gélidos
à
noite são os passos todos trôpegos
os músculos são sôfregos
e a
máscaras, anêmicas
todos pálidos, os versos
todos os medos são pânicos
todas as frutas são pêssegos
e são pássaros todos os planos
todos os
ritmos são lúbricos
são tônicos todos os gritos
todos os gozos são
santos
Soneto das Luzes
Uma palavra, outra mais, e eis um verso,
doze sílabas a dizer coisa nenhuma.
Trabalho, teimo, limo, sofro e não
impeço
que este quarteto seja inútil como a espuma.
Agora é hora de
ter mais seriedade,
para essa rima não rumar até o inferno.
Convoco a
musa, que me ri da imensidade,
mas não se cansa de acenar um não eterno.
Falar de amor, oh pastor, é o que eu queria,
porém os fados já
perseguem teu poeta,
deixando apenas a promessa da poesia,
matéria
bruta que não coube no terceto.
Se o deus frecheiro me lançasse a sua
seta,
eu tinha a chave pra trancar este soneto.
Outros papos
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