Outros papos
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Nei Duclós
Chave
Do planeta gelo tens a chave
onde me confinas, alma rude
do carinho que dou és ataúde
devolves paralelas e quadrados
Se fosse apenas a secura
de um coração que não reage
mas é corrente sem futuro
pacto de solidão para viagem
Deveria escapar dessa armadilha
que acaba de vez com minha saúde
mas fico na esperança da aspirina
O mais duro é que te comprazes
em dizer não quando digo abre
Perdes a chance de ser só doçura
Sombra
Sinto medo do amor, jogo de luzes
que leva teus bens, arca de breu
flores confusas em vaso de nuvem
presentes inúteis, roupas sem uso
Pura solidão, coração que tortura
Perda que nunca refaz o caminho
Muda sua vida ou joga no fundo?
Ramo de espinho em som submisso
Tremo de dor quando te aproximas
pois sei que esse abraço acha seu fim
no rastro que deixo na dobra do corpo
Eu erro por vício, sem haver sintonia
entre tua glória e o meu desconforto
na sombra do lado onde vivo sozinho
Pólvora
Não tenho piedade, coração solitário
meu trato contigo não inclui recato
faço o serviço, jogamos no mato
de comum acordo, couro de gata
Preferes assim, flor confiscada
evitas a dor, tentadora do hábito
em vez do rodízio, rotina de valsa
enlaças o tango, rasgo de aposta
Propões desacato e eu me convenço
só que no fundo conheço tua lábia
é pura armadilha em cima do escravo
És dona do mundo e nada te importa
sabes que sou o mel que devotas
dentro de ti, inventora da pólvora
Corrente
Vai embora já que não se segura
prefere distância ao som da corrente
me quer muito mas não me procura
como entender o apronto da fuga?
Quer evitar o assombro do grude
provocado pela grossa doçura
aos sair do sério em tarde impura
Sumiu, pois você bem se conhece
Me exclui como se eu fosse bicho
mantém fechada a jaula da impostura
onde me cerco de ansiedade e lixo
Rosno na grade sem alimentar o vício
pelo vestido longo que rasguei um dia
Me dá gastura pois fui só o exercício
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