Morreu de faca no peito
quando o coração só lhe falava
de amor.
A faca se abriu em chaga
vermelha e meio com jeito
de flor.
Morreu de febre no leito
quando o coração já lhe falhava
no peito.
Deixou órfãos e viúva.
Partiu num dia de chuva
sem palavras.
Morreu de foice no eito
enquanto o coração lhe sussurrava:
— que proveito?
Deu por perdida a batalha:
a sua, não o que restava
a ser feito.
Morreu de fome e direito
negado, quando o coração
só lhe dizia CHEGA! E o esqueleto
já se entrevia antes de enterrado.
Morreu de omissão:
assassinado.
Morreu de fúria e despeito
quando o coração se lhe inchava no peito.
E a epígrafe se destacava:
"Não será de ninguém
o que é meu.
De direito!"
quando o coração só lhe falava
de amor.
A faca se abriu em chaga
vermelha e meio com jeito
de flor.
Morreu de febre no leito
quando o coração já lhe falhava
no peito.
Deixou órfãos e viúva.
Partiu num dia de chuva
sem palavras.
Morreu de foice no eito
enquanto o coração lhe sussurrava:
— que proveito?
Deu por perdida a batalha:
a sua, não o que restava
a ser feito.
Morreu de fome e direito
negado, quando o coração
só lhe dizia CHEGA! E o esqueleto
já se entrevia antes de enterrado.
Morreu de omissão:
assassinado.
Morreu de fúria e despeito
quando o coração se lhe inchava no peito.
E a epígrafe se destacava:
"Não será de ninguém
o que é meu.
De direito!"
Escolhe com apuro teus vocábulos,
a cabeça não ponhas no patíbulo.
Não espalhes incenso num turíbulo
nem aceites esmolas como um óbolo.
Abre os olhos, ergue os ombros. Cântico
algum de sereia — inda que lúdico —
te seduza. Não andes tal sonâmbulo
pelas letras e motes. Traça um ângulo
(antes que em ti se faça rasa tábula)
de cento e oitenta graus além da fábula.
Simplicidade
O que por mar vier não sendo barco
alga coral peixe retardatário
será de mim o que deixei alhures:
praia perdida de remoto mar.
O que por ar vier não sendo asas
— aeronave ou ave migratória —
rumor será de vento nas acácias:
rota antiga de um sonho perdulário.
O que por terra vier será bem-vindo
como bem-vindas são as coisas simples,
estratégia e rotina se alternando:
legada a insanidade aos altos píncaros.
O que por mar vier não sendo barco
alga coral peixe retardatário
será de mim o que deixei alhures:
praia perdida de remoto mar.
O que por ar vier não sendo asas
— aeronave ou ave migratória —
rumor será de vento nas acácias:
rota antiga de um sonho perdulário.
O que por terra vier será bem-vindo
como bem-vindas são as coisas simples,
estratégia e rotina se alternando:
legada a insanidade aos altos píncaros.
Memória
Quando foi aquele tempo
em que eu me olhava, sonhando,
nas águas desta bacia
e via o rosto da moça
que, do fundo, me sorria?
Onde foi parar o sonho?
Pra onde foi a magia?
Pra onde o rosto da moça
que, do fundo, me sorria?
Em que águas refletida
sorri agora, tardia,
a face que me sorria
lá no fundo da bacia?
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