Trigal
Por entre noite e noite, essas veredas
para os trigais maduros me acenando.
Despertam-se campinas, precipitam-se
as invenções da luz na ventania.
Por entre lua e lua, essa querência
- um resmungar de espigas conscientes
do retorno às searas, que ceifeiros
já descerraram olhos invernais.
Planície enlourecendo se oferece
e um mar desenha nos pendões crescentes.
Ceifeiros - seus marujos sem navios -
pescam sementes, riscam no amarelo
a saudade dos peixes inascidos
nesse (não mar das águas) mar de pão.
Por entre noite e noite, essas veredas
para os trigais maduros me acenando.
Despertam-se campinas, precipitam-se
as invenções da luz na ventania.
Por entre lua e lua, essa querência
- um resmungar de espigas conscientes
do retorno às searas, que ceifeiros
já descerraram olhos invernais.
Planície enlourecendo se oferece
e um mar desenha nos pendões crescentes.
Ceifeiros - seus marujos sem navios -
pescam sementes, riscam no amarelo
a saudade dos peixes inascidos
nesse (não mar das águas) mar de pão.
Soneto da Espera
O verde obstinara-se em teus braços
em mim compôs apenas superfície
de tempo, de que és vértice: nasceste
na tessitura frágil das lembranças.
Carregados teus pés se justapõem
às andanças, maduros de certezas
que tuas mãos colheram, na visão
das auroras caídas sobre a mesa.
Verde, esse teu aliciando ventos
sugere uma esperança vespertina
entre os vãos paralelos das estrelas.
Comigo - claro escuro - o tempo estaca
se verde o sol me abriga, definindo-te
cada vez mais tranqüilo de mistérios.
Lagoa do Bonfim À visão da lagoa quieta uma paz de superfície desabrocha que a lagoa repousa, profunda. As águas conservando nas entranhas um último segredo de afogados, prematuros desesperos de afogados, silenciosas tragédias de afogados. Tardias horas: o repouso da lagoa se embrutece e as maretas conversam, e as andanças dos ventos da lagoa decifram pensamentos e segredos de afogados. Falanges de fantasmas suicidas dispersam o súbito murmúrio da lagoa que é o seu próprio mistério. Novamente a tranqüila, novamente a transparente face da lagoa se mostra: e dos mortos aquáticos o segredo permanece puro. Corpo a Corpo Pasto branco potro bravo corpo a corpo corre o certo tempo incerto de um corisco Pasto e cobra rosto franco na empreitada: febre e fogo nesse jogo de encontrar-se Pasto e potro rasto e sono em breve trato: rosto acorda laço e corda desatados Pasto grave tenso rosto: cobra-cobra se consome na empreitada re-presada Pasto franco rosto breve fogo e risco fome e riso no improviso desse jogo Pasto bravo potro branco corpo a corpo: na campina o potro: a crina engalanada. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário