Outros papos
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Denise Emmer
A carta
Zarparam meus navios mar adentro
Levando minha carta sem palavras
Quando o dizer tudo é dizer nada
Poemas de horizontes reticências
Se posso discorrer a transparência
Já não me afogo em frases para tanto
E o que posto é uma folha em branco
Para dizer-te árvores sem flores
Não traço dores tampouco alegrias
Antes sorria agora sou um livro
Que abriga extensas pausas sem ruído
Quando o dizer mais é dizer findo.
Os animais que morrem
Os animais que morrem
viram luzes
assombros tão pequenos
entre escuros
espectro sereno
sobre muros
os animais que morrem
são futuros.
Vias avessas
Chegas por vias avessas escuto teus passos surdos
Deuses que movimentam a incoerência do mundo
Regem relógios quietos de horas que não existem
Feliz a insanidade das multidões irascíveis
Se há mares em teus abraços mergulho em sóis afundados
Decifro a nova linguagem que inutiliza tratados
E despedaça países fundidos em calmarias
O amor desgoverna os ventos assombros em abadia
Viajo os rumos trocados as ruas que se invertem
Distâncias que se encontram pernas que se perseguem
Olhos que confabulam dentro de rios quentes
Percebo outras cidades nos vãos de uma nova lente
O que me faz alcançar as caravelas aéreas
Andaimes velozes cumes a indizível matéria
São teus incêndios a luz que espalhas pelo Universo
E por meu corpo acendendo meus lampiões submersos.
Tarde no mar
Tarde e moleza marolas e mascavo
Nada suponho nada sei nada respondo
Não sei o nome do mundo
E seu patrono
Leio jornais em branco folhas velhas
Cartas passadas notícias reviradas
Do que me valem as novas utopias
Se o que me traz o mar
É uma garrafa vazia.
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