Porque vim
Não vim para cantar. Se cheguei tarde
não vim para cantar.
Cheguei tarde porque deixei na estrada sem lua
a minha boca torturada sem rumo e sem canção.
Não vim para dizer. Se cheguei tarde
não vim para dizer.
Cheguei tarde porque tudo está falado.
Não vim para chorar.
Porque a lágrima ficou estúpida
na pálpebra doirada.
Também não vim para sorrir.
Porque o sorriso ficou nos beiços dos carneirinhos
que minha mãe me deu nos currais de meu pai.
Também não vim para sofrer.
Inútil indagar porque cheguei.
Eu vim, apenas, para ser chegado.
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