Poética
Não sei palavras dúbias. Meu sermão
Chama ao lobo verdugo e ao cordeiro irmão.
Com duas mãos fraternas, cumplicio
A ilha prometida à proa do navio.
A posse é-me aventura sem sentido.
Só compreendo o pão se dividido.
Não brinco de juiz, não me disfarço de réu.
Aceito meu inferno, mas falo do meu céu.
a Maiacóvski
uns te preferem suicida
eu te quero pela vida
que celebraste na flauta
de uma vértebra patética
molhada no sangue rubro
de um crepúsculo de outubro
Hino ao sono
sem a pequena morte
de toda noite
como sobreviveer à vida
de cada dia?
Noturno
O apito do trem perfura a noite.
As paredes do quarto se encolhem.
O mundo fica vasto.
Tantos livros para ler
tantas ruas por andar
tantas mulheres a possuir...
Quando chega a madrugada
o adolescente adormece por fim
certo de que o dia vai nascer especialmente para ele.
Auto-epitáfio nº 2
para quem pediu sempre tão pouco
o nada é positivamente um exagero
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