Embarcado em seco
Embarcado,
emborcado
- embarcadiço
sediço no beco -,
no muro viço,
entre muros viço.
Quando seco,
o sol ameaça
abrir-me em túnel
sem saída.
Mas a vida
- ave de aço –
vara o funil.
E continuo
contínuo barco
no verso onde zarpo
e fico ao largo
- embora seco.
O filho pródigo
Já não me basta o mar
- a busca do horizonte,
a luta entre espumas.
Aprendi com as ondas:
puro é o barro,
praia.
O resto é fuga.
Já não me basta o mar.
O mais alto mar
é sempre longe.
Meu coração está aqui,
prisioneiro da raiz,
raiz.
Meu grande amigo Fernando foi ensinar poesia à morte em 2006 e com certeza emparedou-a em versos diretos, ensolarados e insaciáveis e a deve ter feito musa eterna entre tantas outras que viviam em seu lirismo. Deixou-me uma cópia de seu livro Embarcado em Seco que o serviu de guia para uma nova edição aqui e ali comentado e alterados alguns poemas com sua própria grafia. Minha imaginação e sentimento querem e insistem vê-lo recitando seus poemas entre outras à Grace Kelly, Romy Schneider, Ingrid Bergman, Audrey Hepburn e Jane Powell. Até sempre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário