âmbar
âmbar ambas
um braço de tarde se arremete
um braço de noite se atreve
um braço de mar se intromete
âmbar ambas
a vida pára na imagem
a vida se esparrama na imagem
o olhar se inventa na imagem
âmbar ambas
ondas se propagam em cores
ondas se compõem em espelhos
cristais se enlaçam nas ondas
âmbar ambas
a gaivota traz o horizonte
a lua voa em noite cheia
o jequitibá observa na ponta dos pés
âmbar ambas
a realidade é densa
continua e não termina no gesto
atrás da manhã
a manhã estava nas primeiras gavetas do dia
vestida de cores ainda por fazer
e panos cobertos de desuso
a manhã estava era para ficar posta de lado
e eu para dela sair sem me servir
da roupa de atravessar horas a fio
e desbravar caminhos amontoados de desertos
eu não era para ficar à espreita
feito bicho anoitecido
era para varar o escuro
atrás da manhã preferida
de um sonho ainda não acabado de resistir
era para subir as paredes do dia
com as mãos aquinhoadas
de horas feitas de luzes e asas
braços da tarde
um sol retardatário
soberano, mas esmaecido, grisalho,
joga-se aos braços da tarde
estica as pernas nas nuvens
cobertas de suor, andaduras e barro
e se põe exausto, sombreado
lá no fundo de meus olhos
calor de chão
um sol retardatário
soberano, mas esmaecido, grisalho,
joga-se aos braços da tarde
estica as pernas nas nuvens
cobertas de suor, andaduras e barro
e se põe exausto, sombreado
lá no fundo de meus olhos
calor de chão
um rio de cavalos
galopa e espalma poeiras d’água
atravessa correntes de sol a pino
borbulhadas por calor de chão
e levanta vôo cego de terra batida
para tirar de pedras, sombras e pedaços de troncos
outro rio coalhado de silêncio
já seco na memória
galopa e espalma poeiras d’água
atravessa correntes de sol a pino
borbulhadas por calor de chão
e levanta vôo cego de terra batida
para tirar de pedras, sombras e pedaços de troncos
outro rio coalhado de silêncio
já seco na memória
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