Outros papos
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Sebastião Uchoa Leite
Duas camas
O ar cotidiano noturno
Envolve-me em fios
Sonho com os subúrbios de Manhattan
Estremunhado e úmido
Desço os degraus às 7
Vou para o sofá baixo
Janelas para o sol matinal
"Ilumino-me de imenso"
Sem o anti-sol
Da alto cama isolada
Insônia Respiratória
Antes nunca
Ouvira o invisível poema
Do respirar: não
Ouvira nada
Só o silêncio dos órgãos
Mas o segredo da vida
Era isso
Quando ninguém
Se lembra do corpo
Que de fato
É feito da mesma matéria
Do sono
Vigília sonora
Aplicou-me um indutor
Na veia
Embora eu pedisse água
Veia crê em soníferos?
Insônia eletrônica
A noite toda
Uma insônia bípica
"Ao menos não me assassinaram"
Cintilei às cinco
No êxtase lúcido da vigília
Certa luz
Ela inclinou-se junto a mim
— Todo em fios —
E disse: "O que o salvou
Foi uma luz
Dentro de você".
Touché! Sorri pedido
"Desconfio dessa luz"
Com a língua bífida
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