Semanário
Na segunda-feira trabalho.
Afio enganos, anos e anos.
Na terça-feira trabalho.
Faço promessas de vagar
e de pressas.
Na sexta-feira trabalho.
Descubro um buraco na calça.
Outro buraco na alma.
Liquido a traça.
Na quarta-feira trabalho.
Empilho o tédio em caixas.
Penduro em branco nas ruas,
as faixas.
Na quinta-feira trabalho.
Esqueço um percevejo
no fundo da gaveta
do desejo.
Sábado trabalho.
No fonema, no poema.
No sonho entalado da verdade.
No dilema da felicidade.
No domingo
sento numa praça deserta.
E penso, covarde,
na próxima semana
escrita no livro da liberdade.
Timboema
Timboema
alusões ilusões
compõe-se o poema
de preferências secretas
fortuitos senões
frágil argila
amor e devaneio
se antes do tempo se vai
antes do tempo veio
em algum lugar da indiferença
em província de coisas breves
nada sei senão de ti
em última instância
Poema Matemático
Me somo
E fico um
Me multiplico
E permaneço
um.
Me divido.
E continuo um.
Me diminuo.
E resto um.
Me
escrevo
E sou nenhum.
finjo sonhos circunstâncias
me bifurco aqui
II
Ninguém ensina
o caminho
da mina.
Na oculta argamassa
vou à caça.
E mesmo da sobra
faço a obra.
O meu prato
é um ato
de alegria.
Também do triste
o fruto persiste.
E apesar do peso
o meu é meu
no coração aceso.
Meu sussurro
é um soco
no escuro.
E meu silêncio,
um grito fundo
nas carnes do mundo.
Outros papos
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