passagem por uma paisagem,
lugar do onde, do ontem, do quando,
quantas palavras ficaram faltando
na boca cheia de imagens.
o outro é aquele que ficou à margem,
no espanto de um pronome,
no corpo de uma brisa suave;
o outro é como uma fome
pluma à deriva, à distância, ou quase.
estranho em sua própria viagem,
garrafa com uma mensagem,
olhar durando numa flor,
sem nome, secreta, selvagem.
Desterro, água bebida num trem,
peça incompleta, festa adiada, vertigem,
a cabeça sempre em alguém,
eu outro, eu todos, ninguém.
Lá vem você
Lá vem você
Se passando por vento
Como se ninguém te visse
Lá vem você dublando pensamento
Como praia que sentisse
Pra perto do riso, do risco, do início
Das ondas das dunas do espanto,
Lá onde o calar fala mais alto
E onde o momento comemora
Com um minuto de silêncio.
Somos pessoas estranhas
somos
pessoas
estranhas
nem sabemos
que sonhos
que somos
esses
olhos
poucos
essas
folhas
secas?
esqueça
fiquem
calados
somos
estranhos
no entanto
esta noite
dormiremos
lado a lado
A Tempestade
Canibal, palavra latina,
à maneira de canis, animal
de fidelidade canina.
Nas Bermudas, sublime ironia,
será um vento do cão
e vai se chamar hurracán
E quando o mar de lã
de repente apontar terra à vista
Então será Caliban
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