Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

arrebatamento




um momento
breve sem presença
longo sem medida

o corpo se esvai
o espírito entumece
o chão escorre abismos afora

um momento
o coração para de acompanhar
a emoção ressuscita

a eternidade estende as mãos


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Catherine



nem a pérola mais rara
que nada
imaculada 
nem que se imaginara
Catherine, de neve
estaria nas nuvens, na neve
beleza tão alva, deslumbrante
da mulher da face amante?
nem nos infinitos regaços
do Cosmos de todos os tempos e espaços
haverá nada semelhante
no olhar, gesto, semblante
que ofusque Catherine em seus passos
se milagre existe, anunciado
ela é o sonho revelado

Viver



viver é um jogo
por igual de palavras

vi
(eu vi)
ver
(venham ver)

que não há palavras
para descrever