Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Ser Mineiro




ser mineiro não é só ser mineiro
é ser outro qualquer com seus uais
ele garimpa cada jeito inteiro
sabe que suas minas são gerais

ser ninguém é também um ser mineiro
aquele que não sabe o que é mais
ficar de menos longe de primeiro
para estar bem em todos os locais

as minas lhe ensinaram os segredos
de como procurar por todo ar
entre ousadias, fé e medos

ser mineiro é estar sem nunca estar
de cócoras ou bornal entre os dedos
assunta e escolhe a vida a cada olhar