I
Açucenas: não me
lembro
de nenhum céu
que me console.
só o
que leio a sós
são os
segundos sentidos
os
açúcares agudos
na
véspera do azinhavre
o silencioso rasgado azul
de uma bandeira.
II
Por barbear
com a cara de encontro ao dia
que espera e arranca
árvores vivas, folhas de
guarda
de dentro da
noite em claro.
Falso rosto
impossível prever
a variação seguinte
se de sol, se de stress
no espelho sem controle.
III
Falo pela alma
pelo que foge para fora
do concentrado foco do
corpo:
rude - com
raiva e relva
contra
a pele, à contraluz
metade cavalo
pedaço de pedra sem asa
terra-a-terra, e irredutível
falo
com coração e técnica.
Antiquário
Mil folhas. Mesmo em algumas das mais
passadas, um pouco do sabor, um risco
de doçura e amargo, é remanescente.
Anamnésia construída pelo fato
e
pela imaginação: vai do anátema
ao enaltecimento, expressos em alta
voz
até ao murmúrio cifrado no coração.
O acervo de uma vida se
dispersará
depois de ela parar: alguma coisa
aqui, nesta casa, para
lembrar quem se foi
fica, sem roubo nem degradação, sobrando.
O resto,
espalhado na desordem dos arquivos
dos sebos e brechós, nós defeitos
na
mudança para lugar nenhum
perdido no limbo, reciclável em outro corpo
e
destino, longe do clamor da hora
cada vez mais afastado do limiar
original
da montagem do dia, à margem do relógio
rasgado por mãos alheias,
posto fora
o sonho, que se açucara, perde o gosto, e fere.
Outros papos
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