Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

domingo, 20 de novembro de 2011

POEMA DO MÊS

Soneto para Pia Degermark*
                                              José Carlos Peliano
milimetricamente embelezada
o sol esparramado nos cabelos
os cabelos de luz esparramada
sem mechas, sequer ondas ou novelos



esplendorosamente revelada
trigos e margaridas em seus pelos
pelos de uma pele alva, abençoada
onde a enfeitam por bem acolhê-los



eis que a tela é pequena em revelar
dois olhos florescendo à cor do dia
e a eles cede o dia o seu lugar!



boca de seiva pura em fantasia
que minha boca nunca irá beijar
inacabado sonho, um beijo Pia!


*(atriz do filme Elvira Madigan, Suécia, 1967) do livro inédito Âmbar

Nenhum comentário:

Postar um comentário