Peliano costuma brincar que a poes-ia e foram os poetas que a trouxeram de volta! Uma de suas invenções mais ricas é conseguir por em palavras lirismos maravilhosos, aqueles que percebemos de repente e temos a impressão que não vamos conseguir exprimi-los. Exemplos: de Manoel de Barros -"Deixamos Bernardo de manhã em sua sepultura. De tarde o deserto já estava em nós"; de Ernesto Sabato - "Sólo quienes sean capaces de encarnar la utopía serán aptos para ... recuperar cuanto de humanidad hayamos perdido"; de Thiago de Mello - "Faz escuro mas eu canto"; de Helen Keller - "Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar"; de Millôr Fernandes - "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus". É como teria exclamado Michelangelo que não fora ele quem esculpiu Davi, pois este já estava pronto dentro da pedra, Michelangelo apenas tirara-o de lá. Então, para Peliano, o lirismo é quando nos abraça o mundo fora de nós, cochicha seu mistério em nossos ouvidos e o pegamos com as mãos da poesia em seus muitos dedos de expressão.

sábado, 2 de junho de 2012

Nicolas Behr

Receita

Ingredientes
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções do beatles

Modo de preparar
dissolva os sonhos eróticos
nos 2 litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração

leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos
de gerações às esperanças
perdidas

corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles
o mesmo processo usado com os
sonhos eróticos mas desta vez
deixe ferver um pouco mais e
mexa até dissolver

parte do sangue pode ser
substituído por suco de
gorselha mas os resultados
não serão os mesmos

sirva o poema simples ou
com ilusões

Poesia F. C.
  
aos 23 anos do primeiro tempo
a vida falha
numa jogada sensacional


Palácio da Justiça

bicho,
esse palácio
é a maior
cascata!


Assim era o restaurante
da madrinha, em Cocalzinho de Goiás
                                              
no restaurante da madrinha,
em cocalzinho de Goiás,
a melhor mesa para se almoçar
era a primeira à esquerda
de quem entrava pela rua
pois era maior e ficava perto da janela,
de onde se via o movimento,
ou a do canto direito,
perto do fogão a lenha,
de quem entrava pelos
fundos, onde tinha
um velho pé de mamão
que nasceu no pé do muro
no restaurante da madrinha,
em Cocalzinho de Goiás,
tinha uma cancela na porta,
onde, todas as sextas-feiras,
ela colocava um ramo de arruda para chamar
os fregueses, espantar os maus espíritos
e as moscas

Nenhum comentário:

Postar um comentário